
Perguntei-lhe sobre seus compositores favoritos, além de Tom Jobim. Margaret rapidamente tomou de uma folha de papel e escreveu os nomes: Cole Porter, Jerome Kerr ("Show boat", "Smoke gets in your eyes"), Burt Bacharat, Ari Barroso, Edvard Grieg, Oswaldo Fares, Augustin Lara. Entre os "clássicos", prefere Debussy, Chopin e Tchaikowsky. Sobre os mais contemporâneos, citou a boa música da Motown: The Supremes, Temptations e Steve Wonder. Tá?
No cinema, Margaret Russell participou de "Clementine tango", cantando uma canção de sua autoria. Na televisão francesa, atuou em diversos filmes e programas, mas parece não dar nenhuma importancia a isso e não quis demorar-se nesse assunto. Na verdade, essa artista orgulha-se menos de sua carreria de cantora do que do seu incansável trabalho de compositora. Ela continuava compondo e negociava suas canções diretamente com os intérpretes, como já fez no passado com Duke Ellington (com ela, na foto acima).
Queixou-se da situação dos compositores na França que, como no Brasil, enfrentam dificuldades quanto aos direitos autorais. Orgulha-se de suas composições, que foram incluídas, numa coleção editada na Bélgica (Clássicos do Jazz), entre os dez melhores slows do mundo. São elas: "Tell me about him" e "Stockholm in summer". Esses álbuns estão fora de catálogo, mas as músicas foram relançadas na Europa no CD Midnight slows vol IV e VI pela gravadora Black&Blue.
A certa hora, tivemos que encerrar a entrevista, que já se transformara em agradável bate-papo informal, regado a vinhos e queijos franceses. Eu teria que embarcar de volta para o Brasil às cinco horas da madruga, enquanto Margaret, autêntica artista notívaga, esticaria a noite trabalhando, pois prefere dormir pela manhã.
Foi uma grande alegria conhecer Margaret Russell e é com a mesma alegria que apresento-a aos leitores do blog.